terça-feira, 17 de julho de 2012

10 - Arrependei-vos e confesseis os vossos pecados.

Semana passada, fui à Igreja confessar meus pecados. Para alguns, pode parecer estranho alguém dizer que foi confessar-se e não era Páscoa, afinal aprendemos na catequese que devemos nos confessar pelo menos uma vez ao ano e que isso é obrigatório na Páscoa. É uma pena que muitos admirem esse "pelo menos". E mesmo tendo aqueles que se confessam dentro de um ano, muitos outros já nem sabem mais quando se confessaram pela última vez. Alguns se utilizaram do sacramento apenas antes de receberem a primeira eucaristia e de serem crismados. Um grande desperdício da graça de Deus e da misericórdia Divina. Sinceramente, sempre ouvi falar da confissão como um ato de arrependimento e perdão, no entanto, e aqui vai um testemunho, poucas vezes me vali desse sacramento. Hoje, sinto que por muitos anos desperdicei a graça que Deus me oferecia à todos os momentos e eu não conseguia enxergar, e em contra-partida, sempre que posso, confesso-me.

A confissão é um ato de misericórdia Divina e devemos entender o quão importante é esse sacramento. Foi o próprio Jesus quem o instituiu dizendo que à quem os seus doze escolhidos perdoassem os pecados, esses lhes seriam perdoados, porém à quem não os perdoassem, esses lhes seriam retidos. É dever da Madre Igreja professar essa verdade através do Sacramento da Confissão. Assim como Jesus enviou-os de dois em dois, aqueles que largaram tudo para segui-lo e viver radicalmente à Seu serviço, eis que a Santa Igreja, Sua esposa, envia seus pastores para que possam continuar aquilo que o Cristo instituiu como um modo seguro e infalível de absolvição dos pecados. A maior prova que podemos ter de que este sacramento foi instituído por Cristo, e é seguido exatamente como Ele prescreveu, é o segundo mandamento da caridade, também instituído por Jesus e que junto do primeiro sintetiza os dez mandamentos do Antigo Testamento: "Amarás ao próximo como a ti mesmo.". O Apóstolo São Mateus, em seu Evangelho também nos confirma essa verdade: "Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também." (Mt 7,12). Ora, afinal quem não gostaria de ter os seus pecados perdoados? Somente amando ao próximo, se entregando à penitência por ele, é que podemos perdoá-lo. Primeiro, perdoa ao teu próximo de coração! Se foi tu quem o ofendestes, perdoa-o, com o coração contrito e cheio de arrependimento! No entanto, deve ficar bem claro que somente Deus é quem pode retirar a culpa. A iniciativa parte de nós, em deixarmo-nos guiar pelo amor e pela misericórdia Divina, mas é Deus quem limpa, restaura e cura. Nós somos instrumentos do perdão e Deus é quem perdoa. Vem daí a necessidade de, cheios de humildade em nossos corações, suplicarmos a misericórdia de Deus, admitirmos nossos erros (confessarmo-nos) e praticarmos a penitência em prol da nossa conversão.

A problemática atual está na perca da fé. Na apostasia. Os jovens dizem que é algo retrógrado confessar-se. Que nenhum homem (se referindo ao Padre) pode perdoar os pecados de ninguém. Que isso é uma bobagem. Os mais velhos já não conseguem mais crer devido à falta de prática. É isso mesmo! Alguns sempre se confessaram quando jovens, guiados pelos pais ou avós na sã doutrina. No entanto, perdem o "costume" da confissão e chega uma hora em que já não mais acreditam ter validade o sacramento. Maus católicos! Não devemos ser hipócritas e nos excluir desta estatística, mas devemos procurar a conversão diária, afim de aumentarmos a nossa fé nos vermos fora dela. 

O maior erro dos católicos desinformados, principalmente jovens, é que acreditam que o Padre é quem os perdoa. Digo de ante-mão: somente Deus é quem perdoa! Mas, por que então é necessário que nós perdoemos à quem nos ofendeu? Porque se não os perdoarmos, seus pecados lhes serão retidos. Então, podemos concluir que somos apenas instrumentos do perdão de Deus. O Padre, naquele momento em que se está realizando a confissão, veste a estola e nos demonstra através deste gesto que é Jesus quem está ali diante de nós! Por isso os pecados não devem ser revelados em hipótese alguma pelo confessor e nem sequer serem usados em favor deste como manipulação do outro. Cristo absolve os pecados pelo Espírito Santo, através do Padre. Tudo o que disser, será dito ao próprio Jesus. Não há nada de diferente na confissão de ontem e de hoje, o que mudou foi o mundo e as pessoas que habitam nele. A Palavra de Deus não muda jamais! Quanto aos mais velhos, façam um exame de consciência. Vejam se a sua vida está indo do jeito que Jesus gostaria que ela estivesse. Pergunte-se: "Estou imitando Jesus no meu modo de viver?" e você saberá se está no caminho certo, ou não. Não deixe que a modernidade e os artifícios desse mundo o enganem. O diabo é esperto. Conhece nossas fraquezas. Faz de tudo para que nos afastemos dos sacramentos, principalmente do Batismo, Eucaristia e Confissão, que são nossas fontes seguras de perdão e salvação. Mas ele não conhece o nosso coração! Deus é quem nos conhece por inteiro e Ele nos dá suporte para continuarmos na nossa caminhada de fé. Não tenhamos medo, irmãos!

São Padre Pio de Pietrelcina passava horas no confessionário, todos os dias. Havia dias em que ficava mais de vinte horas no confessionário. Seus irmãos de fé tinham que pedir que as pessoas voltassem no outro dia, pois senão ele sequer parava para se alimentar e dormir. Essa devoção ao Sacramento da Confissão era devido ao conhecimento dele à respeito das consequências que a falta de confissão poderia ocasionar aos fiéis. Padre Pio tinha o dom, concedido por Deus, que permitia que ele pudesse enxergar o coração das pessoas e alcançar o mais fundo e escondido segredo que elas guardavam. Na hora da confissão, muitos omitiam alguns pecados por vergonha e ele dizia: "Se não consegues falar, digo-os por ti e tu, confirmando, respondes Amém". Era impossível esconder qualquer que fosse a mancha de pecado. Às vezes ele não absolvia os pecados, pois sabia também que a pessoa não estava verdadeiramente arrependida. Então, sem a absolvição, as pessoas ficavam mais afoitas em se redimir fielmente e adotavam uma postura reta para conseguirem-na. Depois de um exercício de consciência profunda, elas enxergavam a maldade de seu pecado, arrependiam-se e contritos de coração confessavam-se novamente e recebiam a absolvição. Padre Pio nos mostra que não podemos brincar de ser cristãos. Não podemos brincar de confissão. É um sacramento, instituído por Jesus, e deve ser encarado como tal.

Confesse-se, irmão! Lhe garanto não tira pedaço! Quando for confessar, olhe para o seu confessor e pense que é Jesus quem se faz presente naquele momento. É para Ele que você está admitindo seus erros, suas fraquezas, suas faltas. Para Ele você não pode mentir, porque Ele conhece o seu coração e sabe das manchas que o pecado deixou em sua alma. Faço-lhe este desafio, e duvido que você não tremerá, não suará frio, não se envergonhará e não se arrependerá, pois ao Seu nome todo joelho se dobra nos céus, sobre a Terra e no mais fundo do inferno. Jesus confessou os pecados da humanidade da forma mais radical! Por conhecer o coração duro dos homens, envergonhou-se dos nossos pecados, arrependeu-se por nós, assumiu a nossa culpa, penitenciou-se com a Sua paixão e, por nos amar tanto quanto a Si mesmo, nos livrou das amarras do pecado. Nos livrou da escravidão do demônio, com um exemplo magnífico de humildade e amor. Como Maria nos manda, façamos tudo o que Ele nos disser!

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