quinta-feira, 14 de junho de 2012

01 - A juventude na história da Igreja

A Igreja Católica apresenta, ao longo de sua história de mais de dois milênios, vários testemunhos de que a juventude sempre teve papel importante nos rumos tomados pela instituição. Temos histórias maravilhosas como a da jovem Maria, do rei David, Salomão seu filho, de Daniel, e outras como a do jovem Paulo, talvez o maior pregador da Palavra de Deus que já viveu entre os homens, depois de Jesus Cristo, logicamente, do próprio Santo Padre Pio de Pietrelcina, nosso contemporâneo. Enfim, temos muitos mártires, Santos e Santas e leigos também que de alguma forma, ainda jovens, deram seu "sim" a Deus e ajudaram a manter e a reescrever a história da Igreja de Cristo.

Vamos refletir sobre a história de três jovens servos de Deus, José, Maria e Paulo, e analisar no que implicou a decisão de cada um ao aceitar a vontade do Pai e fazê-la de bom grado. 

Comecemos por José, exemplo de temperança:

José era filho de Jacó. Sua história é contada no livro do Gênesis e é responsável por preencher mais de um quarto dos seus capítulos. José foi um jovem de vida incomum. Filho de pastor, ajudava o pai na mesma função e, como ele, servia a Deus sempre que podia.

Como era o filho preferido de Raquel, uma das esposas de Jacó, José herdaria riquezas, posição e benção, mas Deus não queria que esse fosse o plano a ser seguido para sua vida. Quando Criança, foi vendido como escravo para trabalhar no Egito pelos próprios irmãos. Tinha dezessete anos à época e permaneceu por mais treze como escravo e prisioneiro.

No entanto, José tinha uma fé inabalável e, aos poucos, os planos do Todo-Poderoso para a sua vida foram se desenrolando e ele foi conquistando a confiança do Faraó. Em pouco tempo, ele tornou-se governador da maior civilização que habitava no Egito, casou-se com uma estrangeira e reinou no Egito durante oitenta anos. 

José enfrentou a tentação do orgulho e da arrogância com coragem e fé em Deus. Ele teve a oportunidade de vingar-se de seus irmãos alguns anos mais tarde, no entanto ele foi superior em sabedoria e graça e os perdoou. Seu reinado próspero se deu em decorrência desse perdão porque Deus assim o permitiu, por José ter sido fiel e cumprido com a vontade d'Ele.

Paulo, exemplo de testemunho:

A segunda história talvez seja um dos maiores exemplos de conversão que podemos encontrar na história da Igreja. Paulo foi um grande perseguidor dos primeiros cristãos do século I. Ainda jovem, aprovou o assassínio de Estêvão, discípulo de Cristo e mártir da Igreja, por meio do apedrejamento. Não satisfeito, buscava obrigar aos discípulos de Cristo, em julgamentos nas sinagogas, que se retratassem e estendeu sua perseguição a outras cidades, tendo autorização para tal do sumo-sacerdote.

Um dos lugares para os quais lhe foi permitido caçar cristãos era Damasco, e lá Paulo teve uma surpresa. Ao se aproximar da cidade, Cristo Jesus revelou-se a ele numa luz brilhante e o chamou à servidão e ao testemunho das realidades que viveu. Depois disso ele ficou cego e jejuou por três dias até que na casa de certo Judas, em visão, ele observou a Ananias, discípulo de Cristo restaurar-lhe a vista. Paulo então recuperou a visão, comeu e bebeu, foi batizado e recebeu o Espírito Santo, e começou sua pregação pelas sinagogas mais próximas até que se viu necessário sair de Damasco e foi evangelizar em outros lugares, também para não-judeus.

Maria, exemplo de fidelidade:

Maria é nossa Mãe Santíssima. Foi através dela que Deus nos permitiu sermos irmãos de Jesus e filhos d'Ele. Ela é a serva concebida sem a mancha do pecado original, Virgem, Imaculada. É Mãe de Jesus e logo do próprio Deus.

Seus pais eram Joaquim e Ana. Existem diversas hipóteses sobre o local do nascimento da Virgem Maria: para alguns ela teria nascido em Nazaré, onde hoje está a Basílica da Anunciação; outros apontam para a cidade de Séforis, capital da Galiléia no tempo de Herodes; e por fim, Jerusalém, onde hoje é a Igreja de Santa Ana, próxima do antipo Templo destruído pelos romanos. A hipótese mais aceita é a de que, por coincidência, ou não, Maria teria nascido perto do Grande Templo de Jerusalém, e seguindo as tradições judaicas foi apresentada no Templo e serviu nele até a morte de seu pai. Para os judeus, o Templo era o lugar onde por excelência habitava a glória de Deus. No entanto, a cerca de cem metros dali Deus iria preparar outro templo superior a este, onde sua presença se manifestaria por plenitude.

Maria foi desposada à um varão chamado José, da casa de Davi e primo da mesma, quando tinha por volta de quinze anos de idade. Nessa mesma época, ela recebeu a visita do anjo do Senhor, que lhe veio trazer a notícia de que seria fecundada pelo Espírito Santo e daria a luz à um menino e deveria lhe chamar Jesus. O menino seria o salvador que os profetas falaram, ele seria o Filho de Deus. 

Maria se transformou no novo templo de Deus, pois estava gerando em seu ventre o filho do Altíssimo. Ela criou o Menino Jesus com todo o amor e zelo que uma mãe deve ter por seu filho. Ensinou os costumes judaicos ao menino: Jesus foi apresentando no Templo, onde futuramente iria ensinar aos mestres da Lei, e também foi circuncidado. Maria esteve ao lado do seu Filho em todos os momentos de Sua vida, inclusive no mais difícil: Sua paixão e morte na cruz.

Quando foi chegada a hora da Virgem partir para a mansão celeste, ela entrou no sono eterno. Seu corpo foi elevado ao céu para habitar ao lado do seu Filho Jesus Cristo e ela foi dita bem-aventurada por todas as gerações.

Traçando um paralelo:

Fazendo uma interpretação simbólica das histórias descritas, podemos identificar três grandes colaborações individuais de cada um dos sujeitos destas histórias: promover o perdão baseado na fé e no auto-controle; abrir as janelas da alma para a importância de testemunhar; comprovar a possibilidade de santidade na pessoa humana.

O quê essas pessoas têm de semelhante com as pessoas de hoje? Elas eram pessoas comuns! Veja bem, José não era compreendido pela sua família. Foi invejado e odiado por seus irmãos. Ele era o filho mimado de Jacó e, de repente, passou a ser escravo no Egito. A Bíblia nos diz que José foi tentado pela esposa de seu senhor e, como era um servo fiel, resistiu. 

Isso não foi nada fácil para o jovem José, porém ele aproveitou as oportunidades que Deus lhe ofereceu, por seu um servo de coração humilde e deu a volta por cima. Ele esperou em Deus e o Senhor agiu nele. E quando assumiu a posição de governador não deixou que a humildade se abatesse dentro dele e que a ganância e o poder o tomassem por completo. José se vigiou e se guardou apenas para Deus, mantendo seu coração puro, e esse coração é que foi capaz de dar perdão aos irmãos. Isso nos mostra que é possível abandonarmos o "olho por olho" tão divulgado e defendido em nossa sociedade atual.

Onde podemos encontrar um discípulo que ainda jovem mudou os rumos da fundamentação da Igreja? Vejamos o caso de Paulo: certa vez, alguns homens da Judéia chegaram a Antioquia, local onde Paulo pregava, dizendo que os não-judeus tinham de ser circuncidados também, pois senão não poderiam obter a salvação. Paulo e Barnabé foram até os apóstolos em Jerusalém para apresentar o problema e logo ficou decidido que não se exigia a circuncisão dos crentes gentios, mas que eles deviam manter-se livres da idolatria, de comer e beber sangue e da imoralidade sexual (a primeira e última muito parecidas com realidades profanas contemporâneas). Após isso, Paulo e Barnabé ficaram responsáveis de pregar aos incircuncisos e Paulo viu aí uma grande chance de evangelizar e, principalmente, converter o maior número de pessoas possível, por isso ele é considerado o maior evangelizador de todos.

A beleza em tudo isso é que Paulo evangelizava e convertia os corações através de seus testemunhos do tempo em que era perseguidor dos cristãos e assim ele conseguia mostrar que, até para a pessoa que está no mais profundo dos abismos, Deus estende a mão e lhe oferece uma chance de recomeçar, e recomeçar do jeito certo e é isso que nós devemos nos propor a cada dia quando levantamos: "Eu quero ser um homem novo, abençoado, livre de toda malícia e de toda fonte de pecado. Eu quero ser purificado com o amor de Deus, pelo sangue de Jesus Cristo". Vamos nós também darmos testemunho da nossa vida, nossas batalhas, derrotas e vitórias, sucessos e fracassos, porque experiências são experiências, não importa se boas ou ruins. A sua conversão vai mostrar que para o Pai tudo é possível.

E o quê dizer de Maria? Ela é a serva perfeita. É o modelo perfeito de fidelidade a Deus. Graças ao seu "SIM" toda a obra da salvação pode ser realizada! 

Devemos nos assemelhar à Virgem Mãe de Deus em nossos atos, pensamentos e nossas orações. Devemos viver como Nossa Senhora: sendo fiel à Deus e seguindo à seu Filho, carregando também a nossa cruz e dando glórias a Deus pelo sofrimento no calvário de nossas vidas.

Três jovens, uma só palavra: "sim". Eles aceitaram a Deus e viveram em comunhão com ele. Essa comunhão fez com amadurecessem na caridade, servindo de exemplo para todos os Filhos de Deus, que Ele bem quer sobre a Terra.

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